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Em meados de 1980 o Brasil tornou-se um país de emigração, marcando um ponto de virada em relação às etapas anteriores, nas quais o país, tradicionalmente, tinha sido um país de imigração. Estados Unidos, Europa e Japão foram os principais destinos da emigração brasileira. Com o endurecimento das políticas migratórias nos Estados Unidos a partir de 2001, a emigração brasileira para a Europa se intensificou, sendo a Espanha um dos principais destinos. Paralelamente, na Espanha ocorreu o processo oposto, tendo se consolidado como país de imigração no final de 1990 e início do século XX. Nesse contexto de imigração e de crescente diversificação étnica e cultural dos fluxos migratórios no país, houve um aumento progressivo de brasileiros na Espanha. O objetivo deste trabalho é oferecer uma reflexão em torno dos imaginários sociais e estereótipos sobre o grupo brasileiro e o grupo espanhol/valenciano, sob a perspectiva dos imigrantes brasileiros, no contexto de recepção espanhol e observar a sua evolução desde a primeira década do século XXI até a atualidade. O estudo é baseado em dados primários qualitativos obtidos principalmente de seis entrevistas em profundidade realizadas com a população brasileira residente em Valencia (Espanha) durante outubro de 2017. Foram entrevistadas três mulheres e três homens, entre 32 e 51 anos, sendo três com ensino superior e três com ensino médio. Para analisar a evolução das percepções sociais e estereótipos nos últimos dez anos, a informação qualitativa obtida nessas entrevistas foi comparada com os resultados qualitativos de 18 entrevistas em profundidade realizadas em Alicante e em Madrid durante 2006 e 2007, no âmbito de uma tese de doutorado.
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