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A crescente complexidade no desenvolvimento de políticas públicas traduziu-se pelo aumento significativo no envolvimento de especialistas, muitos deles cientistas. Esse envolvimento é expresso de várias maneiras, seja através de solicitações de estudos preliminares, processos de planeamento ou avaliações da implementação e do impacto de medidas políticas. O desenvolvimento da relação entre os campos científico e político desafia o papel dos cientistas como especialistas e do uso do conhecimento científico, bem como as relações de poder entre políticos e cientistas. A sociologia da educação em Portugal tem uma longa tradição de interação com o campo político, não apenas em estudos relacionados ao desenvolvimento e avaliação de políticas educacionais, mas também em colaboração com escolas e outros provedores de educação em processos de intervenção e inovação socio-educacional. É uma experiência em que a natureza crítica e reflexiva da sociologia se cruza com a intervenção, num debate entre racionalidades e lógicas de ação diversas, colocando muitas vezes os sociólogos na posição de mediadores entre atores do sistema educacional com interesses frequentemente conflituantes e que comunicam mal ou não comunicam mesmo entre si. Com base na produção de um conjunto de estudos ordenados por diferentes entidades públicas portuguesas, foi realizada uma reflexão sobre os desafios teóricos, metodológicos e éticos colocados por esta colaboração, bem como sobre as possibilidades que dela resultam.
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