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Baseados na análise genealógica de Foucault (2014) em História da loucura: na idade clássica, verificamos que a psiquiatria legitima- se como ciência amparada pelo discurso moral da época clássica nos séculos XVII e XVIII. Na obra de Machado et al. (1978) Danação da norma: medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil, é apresentado um histórico do surgimento da medicina social e da psiquiatria no Brasil. Foucault (2014) verifica que a época clássica é marcada pela condenação e exclusão da pobreza, por meio do enclausuramento e da prática de trabalhos forçados impostos
aos sujeitos considerados improdutivos, pela sociedade. Nesse contexto, a segregação e o uso da força de trabalho são uma importante tecnologia de controle e de subjugação do sujeito, que passa a ser apropriada pela psiquiatria no século XIX. Esta pesquisa será realizada em duas partes. Na primeira, apresentaremos uma análise do trabalho como tecnologia de controle do louco e da loucura como preconizado por Foucault (2014). Na segunda parte, demonstraremos como o combate à ociosidade e às desordens sociais, que são alvo de controle na Europa do século XVII e XVIII, passa a ser objeto de dominação no Brasil do século XIX, contexto em que são constituídos o discurso e as práticas psiquiátricas no Brasil. Neste artigo, investigaremos como o trabalho como ferramenta de controle do louco e da loucura aparece para legitimar a nova ciência psiquiátrica, pela ideia de terapêutica. Nesse âmbito, questionamos a naturalização do uso de atividades como recurso terapêutico e os fundamentos teórico-práticos que dirigem as intervenções terapêuticas na atualidade.Based on the genealogical analysis of Foucault (2014) in History of Madness: in the classical age, we find that psychiatry is legitimated as a science supported by the moral discourse of the classical era in the 17th and 18th centuries. In the work of Machado et al. (1978) Danação da norma: medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil, a history of the emergence of social medicine and psychiatry in Brazil is presented. Foucault (2014) notes that the classical era is marked by the condemnation and exclusion of poverty, through the enclosure and practice of forced labor imposed on subjects considered unproductive by society. In this context, segregation and the use of the labor force are an important technology of control and subjection of the subject, which became appropriate by psychiatry in the 19th century. This research will be conducted in two parts. In the first, we will present an analysis of the work as a control technology of madness and madness as advocated by Foucault (2014). In the second part, we will demonstrate how the fight against idleness and social disorders, which are subject to control in 17th and 18th century Europe, becomes an object of domination in 19th century Brazil, a context in which psychiatric discourse and practices in Brazil are constituted. In this article, we will investigate how work as a tool to control madness and madness appears to legitimize the new psychiatric science, through the idea of therapy. In this field, we question the naturalization of the use of activities as a therapeutic resource and the theoretical-practical foundations that direct therapeutic interventions today.
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